10 anos do NEPerma UFSC

18/06/2023 14:31

 

O pioneirismo da UFSC na permacultura

Em setembro de 2001, ocorreu o primeiro Curso de Planejamento em Permacultura (CPP) na UFSC, organizado por alunos do curso de pós-graduação em Agroecossistemas, com participantes de outros setores, estudantes e professores, no CCA, tendo Jorge Timmerman (IPAB) como ministrante.

Entre 2001 a 2007, o PRONERA/UFSC (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – CED/UFSC), através da professora e permacultora Edla Ramos (INE/UFSC) junto com a permacultora Suzana Maringoni, capacitou 4070 educandos na alfabetização de jovens e adultos e 85 agricultores, utilizando da Permacultura, como forma de ecologia aplicada à realidade.

O projeto AgroRede-UFSC, junto com Jorge Timmerman, então presidente da Rede Brasileira de Permacultura (RBP), organizou em 2002 o encontro da RBP em Florianópolis. Neste encontro, realizou-se uma parte aberta ao público, no auditório do Centro de Convivência da UFSC, em que institutos de permacultura de todo o Brasil apresentaram seus trabalhos e como encerramento, José A. Lutzemberger fez uma palestra tratando da permacultura em uma das suas últimas falas públicas.

Ainda em 2003, o PRONERA/UFSC foi desafiado a montar a grade do primeiro curso técnico com enfoque em agroecologia deste projeto no interior do estado de Santa Catarina junto ao MST. A grade foi montada basicamente sobre o conteúdo do CPP, e bolsistas de mestrado acompanhavam a implementação do mesmo eram permacultores (Hetel Leepkaln dos Santos, Diogo Alvim, Jean).

Em 2007, a RBP trouxe David Holmgren, co-criador do conceito de permacultura, ao Brasil para ministrar seu curso sobre “Princípios avançados em permacultura”, e em uma palestra na Epagri, lotou seu auditório com estudantes da UFSC e técnicos da Epagri interessados em Permacultura.

Em fevereiro de 2011, um total de 22 permacultores vindos dos seis diferentes biomas brasileiros, reuniram-se em Florianópolis para discutir o currículo proposto no início dos anos 1980 por Bill Mollison, para o curso de formação de pessoas no entendimento do planejamento de assentamentos humanos sustentáveis, o tradicional “Permaculture Design Course” (PDC).

Esse encontro deu origem a um programa de ensino atualizado, baseado nas energias que fluem na paisagem, e que inspirou ainda em 2011 a criação da disciplina “Introdução à Permacultura” (GCN7938), no curso de graduação em Geografia da UFSC. A disciplina, que começou a ser ofertada em 2012, demarca o ponto inicial formal das atividades da Permacultura na UFSC, com conteúdo, carga-horária e metodologias compatíveis ao Curso de Planejamento em Permacultura (CPP), reconhecido internacionalmente, como mostra o Quadro 1.

Quadro 1: Etapas  de formação e temas abordados pela Permacultura.

Temas Ênfase abordada
PRIMEIRA ETAPA – [RE]CONEXÃO COM A NATUREZA
O que é Permacultura e qual é a sua história? Por que Permacultura?
Resumo do curso de planejamento em Permacultura
Programação do curso
Forma de funcionamento
Éticas e princípios de planejamento As três éticas da Permacultura
Os princípios de planejamento
Fundamentos de ecologia Visão global: geomorfologia, climas e biomas associados
Relações ecológicas
Ecologia florestal e sucessão ecológica
Reciclagem e compostagem
Padrões naturais Tipos
Funções
Percepção
Interpretação
Aplicação
Leitura da paisagem Insolação
Ventos
Curva-chave
Estratégias em diferentes climas
SEGUNDA ETAPA – MANEJO DA NATUREZA
Método de planejamento do espaço Setores
Zonas
Análise de elementos
Localização relativa
Solos Características
Importância
Identificação
Manejo ecológico
Ecologia cultivada Tipos de agroecossistemas
Estratégias de cultivos
Animais como elementos
Plantas alimentícias não convencionais ou plantas da biodiversidade
Plantas medicinais e seus usos
Água O ciclo e distribuição da água
Água como elemento na paisagem
Águas no espaço de planejamento e estratégias de uso
Manutenção da qualidade
Tecnologias apropriadas ao uso
Energia Percepção na paisagem e no sistema planejado
Potenciais de aproveitamento
Tecnologias apropriadas ao aproveitamento
TERCEIRA ETAPA – O HUMANO NA PAISAGEM
Permacultura urbana Planejamento em pequenos espaços
Zonas energéticas urbanas
Organização comunitária
Arquitetura e Permacultura Conceitos fundamentais
Cultura e paisagem
Conforto ambiental e estratégias bioclimáticas
Projeto e sistemas construtivos
Técnicas de bioconstrução
Planejamento para eventos extremos O que são eventos extremos?
Níveis de risco
Planejamento de prevenção
Planejamento de remediação
Estruturas invisíveis Compreensão das estruturas biológicas, culturais, econômicas e sociais e seus impactos
Autorregulação contínua
Planejamento permacultural pessoal
Ampliação para uma perspectiva não especista de animais
Projeto final de planejamento Diretrizes
Concepção
Desenvolvimento
Apresentação

Para a surpresa do grupo de professores envolvidos na disciplina, desde a sua segunda edição em 2012/2, a demanda por vagas foi superior à capacidade ofertada (de 20 alunos por turma semestral), uma vez que alunos de outros cursos da UFSC passaram a procurar a disciplina para complementar sua formação.

Com base nesse cenário, a partir da quarta edição da disciplina em 2013/2, o preenchimento das vagas começou a contemplar estudantes de outros cursos de graduação da UFSC, também da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pessoas externas, quando possível, promovendo uma rica e interessante interdisciplinaridade, que converge para os interesses da Permacultura em relação à diversidade, inclusive de ideias. Essa ação refletiu-se em um forte aumento na demanda por vagas, cuja ascensão é mais evidente a partir do semestre de 2014/1..

Relação das vagas ofertadas, ocupadas, suplentes (sem vaga) e permacultores certificados. Dados do SETIC/UFSC para matrículas na disciplina. Os dados posteriores a 2020 são respectivos ao ensino remoto devido à pandemia de COVID19, não podendo, assim, serem comparados com as edições anteriores da disciplina.

Ainda há de se mencionar que, além do completo preenchimento das vagas desde a segunda edição, o número de alunos que ingressam na disciplina e a concluem é também expressivo, mantendo sempre taxas acima de 70%, confirmando o interesse dos acadêmicos pelo tema.

Essa abertura de vagas fez também com que aumentasse a diversidade de cursos de origem de alunos interessados em cursar a disciplina, fato que incentivou a inserção oficial da disciplina na grade dos cursos de graduação em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, Licenciatura em Educação do Campo e Arquitetura e Urbanismo. Mesmo com essa ampliação, a disciplina atendeu entre 2012 e 2017 apenas 21% da demanda interna da UFSC.

Diversidade de cursos de origem dos alunos interessados em cursar a disciplina de Introdução à Permacultura na UFSC e o atendimento dessa demanda (efetivados) entre 2012/1 e 2017/1.

Paralelamente ao oferecimento da disciplina “Introdução à Permacultura” para o Curso de Geografia, uma disciplina eletiva denominada “Agricultura Orgânica, Permacultura e Agricultura Urbana” (ENR5002) começou a ser ofertada ao Curso de Agronomia da UFSC, no segundo semestre 2012, repetindo-se continuamente desde então, com exceção dos semestres 2019/2 e 2020/1. Esta disciplina estava prevista no Projeto Pedagógico do Curso de Agronomia implementado a partir de 2010, fazendo parte do núcleo profissionalizante específico em Agroecologia. Sua proposição considerou que a ética e os princípios da Permacultura são essenciais para a atividade agropecuária ser desenvolvida com baixo impacto ambiental. Em função da característica holística da Permacultura, alicerçada no pensamento sistêmico, a disciplina passou a receber alunos de diferentes cursos da UFSC, tais como Biologia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Engenharia Ambiental, Ciências Sociais, Ciências Econômicas, Direito, Letras, bem como alunos do Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas participando como ouvintes. O conteúdo sobre Permacultura também constitui um atrativo para alunos que participam de intercâmbio estudantil na UFSC, fazendo com que a disciplina seja a que mais atrai alunos da França, Alemanha, Espanha, Bélgica e de outros países da América do Sul, no Centro de Ciências Agrárias.

 

O Núcleo de Estudos em Permacultura da UFSC

Com o forte interesse em desenvolver melhor a Permacultura na UFSC, o grupo de docentes envolvidos na disciplina, com apoio dos estudantes, resolveu criar em 2013 o Núcleo de Estudos em Permacultura (NEPerma), que ficou sediado no Departamento de Geociências (GCN/CFH).

Nesse mesmo ano, o NEPerma acolheu o Projeto de recuperação ambiental do Bosque da UFSC (NEPerma/UFSC, 2017), por meio do planejamento por setores e zonas energéticas, característico da Permacultura, aplicando métodos de ecologia cultivada no processo. Atualmente, o projeto segue em desenvolvimento e tem oferecido à comunidade acadêmica e do entorno da universidade a oportunidade de compreender mais sobre como interagir adequadamente com a natureza, tornando-se inclusive tema de trabalho de conclusão de curso de Guilherme Fabrin (2017). Em 2018, o projeto recebeu um prêmio do Ministério do Meio Ambiente na categoria “Melhores Práticas de Sustentabilidade”.

Ainda em 2013, teve início o projeto Permacultura na Escola, que buscou levar a educação ambiental por meio da Permacultura a escolas de ensino fundamental em Florianópolis. Pietra Viebrantz (2016) descreveu essa experiência em seu trabalho de conclusão de curso, intitulado “A Permacultura como estratégia de educação ambiental formal: potencialidades e limitações”.

Após percorrer ecovilas pelo sul do Brasil, Letícia dos Santos (2014) trouxe sua experiência para o NEPerma e desenvolveu o trabalho de conclusão de curso intitulado “A Permacultura como dispositivo de ressignificação do espaço geográfico”.

Em 2014, o NEPerma iniciou o projeto Terra Permanente – produzindo alimentos com a Mata Atlântica, que contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – pelo edital 81/2013). O projeto visou compartilhar os conhecimentos da Permacultura com extensionistas rurais e agricultores da região da Grande Florianópolis. Concluído com êxito em 2016, o projeto certificou 34 permacultores, sendo 19 em módulo presencial e 15 no ensino à distância (EaD).

Na caminhada do projeto Terra Permanente, o NEPerma produziu materiais audiovisuais que deram origem às teleaulas do curso CPP EaD Terra Permanente, que seguem livres para serem acessadas através da internet e replicadas. A experiência dessa formação à distância mostrou ao NEPerma um grande interesse por parte dos extensionistas rurais em cursar um CPP, uma vez que foram registradas 135 inscrições provenientes de 15 estados do Brasil.

O módulo de pesquisa desse projeto também acompanhou a vida de quatro unidades familiares rurais durante dois anos, com o intuito de verificar se a Permacultura e sua lógica de gestão de espaços e pessoas, pode contribuir positivamente para a qualidade de vida no campo (VENTURI et al, 2017). Como resultado desse acompanhamento, surgiu uma nova metodologia de avaliação da sustentabilidade em meio rural, o MESMIS Permacultural (PAITER et al, 2018), cuja base é a metodologia MESMIS de Lópes-Ridaura (2002), consagrada pela agroecologia, porém adequada aos princípios éticos e de planejamento da Permacultura. A criação e aplicação dessa metodologia possibilitaram uma série de facilitações no processo de sistematização das experiências do NEPerma, passando a ser incorporada em outras pesquisas no núcleo.

Mapa de calor mostrando por intensidade de cores a origem das 135 inscrições recebidas para o CPP EaD promovido pelo NEPerma, através do Edital 81/2013 CNPq.

Como fruto das ações do projeto Terra Permanente resultaram outros dois projetos de extensão, “Planejamento espacial e mapeamento em Permacultura” e “Os jardins domésticos com plantas medicinais e aromáticas na paisagem cultural”, que foram sistematizados pelo Laboratório de Urbanismo, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC em parceria com o NEPerma. O resultado dessa sistematização foi sintetizado no vídeo “Semeando cultura no jardim” (LabURB-UFSC, 2016).

O LabURB UFSC, NEPerma UFSC e a Rede Semear Floripa desenvolveram ainda o projeto de pesquisa intitulado “Permacultura na paisagem urbana”, que permitiu em 2016 a inserção da Permacultura na agenda do município de Florianópolis, com a organização do II Encontro Municipal de Agricultura Urbana, em parceria com a Prefeitura Municipal de Florianópolis.

Cartaz do II Encontro Municipal de Agricultura Urbana. Fonte: LabUrb UFSC, 2016.

Ainda em 2016, o NEPerma por meio do projeto PermaChico, certificou em planejamento em Permacultura, jovens seminaristas e freis franciscanos em Almirante Tamandaré, no Paraná e, com isso, fortaleceu a relação desses com a questão ambiental a ser trabalhada futuramente nas comunidades atendidas pelos freis em seus projetos.

Paralelamente a essas ações e buscando a difusão da Permacultura em língua portuguesa, dois documentários são legendados pelo NEPerma para o português. Em 2014 “Sementes da Permacultura” da produtora AHOOHAFILM e, em 2016 “A voz do vento”, uma produção realoizada com financiamento coletivo . Tais ações buscaram aproximar o público brasileiro do que está acontecendo no mundo em termos de culturas de permanência, bem como estabelecer uma interface de conversa com veículos de comunicação públicos, no caso a TV UFSC, que exibe os documentários em rede aberta na Grande Florianópolis e fornece material audiovisual à TV Brasil e demais emissoras integrantes da Rede Pública de TVs.

Em interface com a Arquitetura e Urbanismo, foram desenvolvidas diversas  pesquisas (Hortas urbanas: a relação entre natureza e cidade: o caso da Horta do Pacuca, 2018; Percepções de cidade e natureza: A trama verde e azul do Distrito do Campeche, 2018; A trama verde e azul na transformação da paisagem da Ilha de Santa Catarina, 2020; Paisagem urbana de pequenas cidades, seus espaços livres e sistemas ecológicos, 2021; Quintais produtivos: movimentos sociais, espaço urbano e meio ambiente, 2022; Ecofeminismo e direito à cidade: as mulheres da agricultura urbana na Grande Florianópolis, 2022),  e uma pesquisa de pós-doutorado, na Inglaterra, sobre agricultura urbana na paisagem cultural (2017), e também a publicação do e-book “Planejamento urbano permacultural“, em 2019.

No início de 2017, o NEPerma começou a sondar professores da UFSC para ofertar um CPP com intuito de sensibilizar outros docentes da universidade. A primeira aproximação trouxe 18 interessados internos, mas também a manifestação de muitos professores de outras Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do Brasil. Ainda em julho deste ano, a equipe do NEPerma ofertou o 1º Curso de Planejamento em Permacultura para academia, que certificou 14 servidores públicos, entre docentes e servidores técnicos de apoio ao ensino, envolvendo um total de cinco IFES, dentre elas a UFSC, UNIPAMPA, UFFS, IFSP e UFOP.

Como fruto desse curso e da integração desses novos docentes permacultores, houve a decisão de criação da Rede NEPerma Brasil, que busca estimular a integração e a criação de mais núcleos de Permacultura que desenvolvam a mesma em diferentes IFES brasileiras.

Ainda em 2017, o professor Arthur Nanni, inicia seu estágio pós-doutoral na Austrália, na  Central Queensland University, desenvolvendo a Pesquisa “Permaculture and well-being”. E a professora Soraya Nór inicia o  pós-doutorado na Oxford Brookes University, Inglaterra, com a pesquisa “Green Networks in Urban Cultural Landscapes: A Study of Allotments in Oxford – UK”.

Em 2018, o grupo de professores vinculados ao NEPerma/UFSC iniciou a proposta de criação de um Curso de Especialização em Permacultura. Esse processo caminhou ao longo de 2019 com a abertura do edital de seleção dos candidatos, que revelou a demanda de 154 candidatos, de diversas áreas do conhecimento, para as 30 vagas ofertadas. Previsto para iniciar em 2020, o curso foi paralisado em virtude da pandemia de COVID-19.

Perfil profissional dos matriculados na 1ª edição do Curso, que ocorreu junto ao EDC/CED.

Em maio de 2019, o NEPerma recebeu o Diploma de Reconhecimento da Câmara dos Vereadores de Florianópolis, pelas atividades de “valorização e colaboração na preservação dos recursos naturais”, por proposição do vereador e permacultor Marquito – Marcos José de Abreu.

Em julho de 2019, ocorre no auditório da Arquitetura da UFSC a 1ª Convergência de Permacultura do Sul do Brasil, que congregou permacultores dos 3 estados do sul e promoveu o fortalecimento de redes e a integração com o ambiente acadêmico

Em dezembro de 2019 o NEPerma lançou a 1ª edição  do livro “Ensinando Permacultura” (NANNI E NÓR, 2019), que congrega a experiência de seis anos de ensino na graduação na UFSC. Logo a seguir, em 2020, essa publicação é transposta para ambiente digital e deixa de ser um livro apenas, para se tornar uma plataforma de troca de saberes, onde além dos conteúdos da primeira edição, foram então adicionadas novas formas de ensino da Permacultura em ambiente acadêmico, que constituíram a 2ª edição (REDE NEPERMA BRASIL, 2022), lançada em 2022, através da Rede NEPerma Brasil.

1ª (2019) e 2º (2022) edições do livro Ensinando Permacultura.

Desde janeiro de 2020, o NEPerma está abrigado no Departamento de Educação do Campo, no Centro de Ciências da Educação (EDC/CED). Sua atuação vem gradualmente mostrando a importância da Permacultura nos processos agrários e sociais na formação de educadores do campo, principalmente no que tange ao diálogo com a agroecologia.

Ainda em 2020, inspirado na pesquisa de Santos (2015), Marcelo Venturi, servidor técnico e coordenador da Fazenda da Ressacada UFSC, concluiu sua tese de doutorado intitulada “A influência da Permacultura em unidades de novos rurais” (VENTURI, 2020), que visa compreender em termos de movimento neorural, como a Permacultura pode estimular a migração cidade-campo na região sul do Brasil.

Em 2021, o NEPerma decide iniciar em meio à pandemia de COVID-19, a primeira turma do Curso de Especialização em Permacultura, no modo ensino remoto, buscando honrar seu compromisso com os candidatos aprovados no processo de seleção ocorrido em 2019. Desenvolvida totalmente em ambiente remoto, a especialização certificou 76% dos alunos que ingressaram nessa edição do curso. Ainda como resultado, foram gerados 23 Trabalhos de Conclusão de Curso, que versam sobre a aplicação da Permacultura em planejamentos comunitários, rurais, urbanos e em processos de ensino-aprendizado na educação especial, básica e técnica.

Ainda em 2021, A pesquisadora Iana Carla Couto defendeu, junto ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC, sua tese intitulada “A permacultura inserida no debate das políticas públicas” (COUTO, 2021).

Ao longo de 2022, o NEPerma/UFSC, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desenvolveu um Curso de Planejamento Permacultural (CPP Acolhida) para agricultores e multiplicadores que atuam na promoção do agroturismo em Santa Catarina, através da Associação Acolhida na Colônia. Esse curso contou com o acompanhamento técnico das unidades familiares rurais vinculadas à Associação, permitindo a melhoria das condições de vida e operacionais dessas unidades.

Em março desse ano de 2023, inicia-se a 2º edição do Curso de Especialização em Permacultura, agora sediado no Departamento de Arquitetura da UFSC (ARQ/CTC), demonstrando o caráter transdisciplinar dessa ciência socioambiental que visa o planejamento de assentamentos humanos autossustentáveis. A procura pelo curso mostrou uma predominância de inscritos para Santa Catarina, mas houve registros também de outros estados.

Locais de onde partiram as inscrições (detalhe para Santa Catarina) para a 2ª edição da Especialização em Permacultura da UFSC em parceria com a Rede NEPerma Brasil.

Com o advento da Rede NEPerma Brasil em 2017, as ações do NEPerma/UFSC vêm sendo desenvolvidas em parceria com essa, muitas vezes sobrepondo-se em papéis. Essa “confusão” é salutar e busca integrar as diferentes IFES e pluralizar as ações e iniciativas em um processo de popularização da Permacultura no território nacional.

Texto: Arthur Nanni

Tags: EnsinoExtensãoNEPerma UFSCPesquisa

Participe do projeto “Permacultura brasileira”

02/01/2022 20:59

O NEPerma/UFSC iniciará em fevereiro o projeto de pesquisa Permacultura Brasileira, que busca compreender, sistematizar e revelar como evoluiu a permacultura (cultura de permanência) passados 30 anos de interações no Brasil.

Uma equipe de pesquisadores do NEPerma/UFSC irá a campo conhecer experiências em permacultura em nível nacional. A pesquisa tem a expectativa de gerar produtos consolidados de consulta e suporte à tomada de decisão, para fomentar a popularização da permacultura no Brasil.

Você vive a permacultura ou conhece experiências de cultura permanente? Ficou com vontade de participar?

Inscreva-se aqui para construirmos juntos uma permacultura com cara brasuca.

 

Tags: Permacultura brasileiraPesquisa

NEPerma conclui quarta etapa de levantamento de informações em campo

18/08/2015 17:41
Natífio Gardelin, Arthur e Aline definindo estratégias para o manejo de águas na propriedade que fica em São Bonifácio-SC.

Natífio Gardelin, Arthur e Aline definindo estratégias para o manejo de águas na propriedade que fica em São Bonifácio-SC.

No mês de julho de 2015, o NEPerma esteve em campo para continuar os levantamentos de informações da fase de pesquisa do projeto Terra Permanente, integrante do edital 81/2013 do MDA/ CNPq, para revelar o quão a permacultura pode melhorar a qualidade de vida de agricultores, facilitando o planejamento e o manejo de propriedades rurais no bioma Floresta Atlântica.

Dentro das atividades de pesquisa-ação propostas pelo projeto, esta etapa de pesquisa realizou a gravação de entrevistas com os produtores rurais e foram realizadas coletas de amostras de plantas espontâneas bioindicadoras de saúde do solo, bem como, de serrapilheira para o monitoramento da produção de biomassa durante o período do inverno.

Na propriedade da família Gardelin houve a definição de locais de inserção de valas de infiltração de águas na zona 3. Já na propriedade da família souza houve o reconhecimento e a coleta de plantas espontâneas na zona 2. Na propriedade de Andreia Santos foi realizada a coleta de serrapilheira e também o monitoramento do cultivo de morangos ensacados com substrato local. Já na propriedade coletiva SPAço, houve a integração dos dados levantados com os avanços no planejamento da propriedade em conjunto com uma equipe de arquitetos da UFSC.

Filmagens com a família Souza em Rio Fortuna-SC.

Filmagens com a família Souza em Rio Fortuna-SC.

Nesta etapa foram gravadas entrevistas com os proprietários rurais para entender como a permacultura está influenciando suas decisões e ações do cotidiano. Estas entrevistas, unidas as demais imagens captadas ao longo do desenvolvimento do projeto Terra Permanente, irão compor um documentário. Para esta nova empreitada do NEPerma foi agregada a equipe a bolsista Elisa Alcocer, do curso de graduação em cinema da UFSC, cuja missão é transformar um limão em uma limonada.

A etapa de pesquisa continuará em 2015 com o acompanhamento das ações das famílias que resolveram incorporar a permacultura em suas rotinas de vida. Serão mais 2 campanhas de campo até dezembro.

Tags: PesquisaTerra Permanente

NEPerma conclui a terceira etapa de lavantamento de informações de campo pelo projeto Terra Permanente

25/03/2015 21:25
A geógrafa Leticia entrevistando o agricultor Reinaldo em Rio Fortuna.

Leticia e Leila entrevistando o agricultor Reinaldo em Rio Fortuna.

No mês de março de 2015, o NEPerma esteve em campo para continuar os levantamentos de informações da fase de pesquisa do projeto Terra Permanente, integrante do edital 81/2013 do MDA/ CNPq, para revelar o quão a permacultura pode melhorar a qualidade de vida de agricultores, facilitando o planejamento e o manejo de propriedades rurais no bioma Floresta Atlântica.

Dentro das atividades de pesquisa-ação propostas pelo projeto, esta etapa de pesquisa realizou entrevistas com os produtores rurais e foram realizadas coletas de amostras de plantas espontâneas bioindicadoras de saúde do solo, bem como, de serapilheira para o monitoramento da produção de biomassa no período do verão.

A equipe que participou das coletas e entrevistas no sítio Santos Leck em Águas Mornas.

A equipe que participou das coletas e entrevistas no sítio Santos Leck em Águas Mornas.

Em uma das unidades estudadas, o planejamento coletivo de uma ecovila, buscou mapear as espécies arbustivas e arbóreas dos jardins comestíveis já implantados. Para esta unidade, o próximo passo será determinar zonas energéticas individuais e coletivas para o grupo de moradores.

A etapa de pesquisa continuará em 2015 com o acompanhamento das ações das famílias que resolveram incorporar a permacultura em suas rotinas de vida. Serão mais 3 campanhas de campo até dezembro.

Tags: PesquisaTerra Permanente

NEPerma conclui a segunda etapa de lavantamento de informações de campo pelo projeto Terra Permanente

19/12/2014 11:28
Leila e Leticia em entrevista com Natifio Gardelin.

Leila e Leticia em entrevista com Natifio Gardelin.

No mês de dezembro de 2014, o NEPerma esteve em campo para continuar os levantamentos de informações da fase de pesquisa do projeto Terra Permanente, iniciada em março de 2014 e que envolve produtores rurais de quatro municípios da grande Florianópolis. A equipe participativa e divertida rodou muitos quilômetros na “komboza abacate”, adquirida através do edital 81/2013 do MDA/ CNPq, para revelar o quão a permacultura pode melhorar a qualidade de vida dos agricultores.

Levantamento de características dos solos em uma das propriedades rurais avaliadas.

Cristiane e Leila realizando o levantamento de características dos solos em uma das propriedades rurais avaliadas em São Bonifácio.

Após concluir o Curso de Planejamento em Permacultura os agricultores passaram a implementar, com o apoio da equipe do NEPerma, modificações em seus espaços de manejo. Estas mudanças estão sendo realizadas/monitoradas em um regime de pesquisa-ação. Esta etapa de pesquisa prevê a realização de entrevistas com os produtores rurais, para compreensão das mudanças que a permacultura pode promover na sustentabilidade das propriedades rurais. Além desta ação, estão sendo realizadas coletas de amostras de solos para o entendimento de melhoras na saúde destes, uma vez submetidos ao manejo ecológico.

Leão, Andreia, Marcelo, Celso, Aline, Arthur Arno após concluído o enchimento dos sacos de produção de morangos com a solução local.

Leão, Andreia, Marcelo, Celso, Aline, Arthur, Jefferson e Arno após concluído o enchimento dos sacos de produção de morangos com a solução local.

Na propriedade de Andreia e Leão, produtores neorurais de Águas Mornas, o NEPerma avalia o uso de biomassa local para o cultivos vegetais e para a criação de galinhas. Na produção de morangos, estamos testando a substituição de um pacote comercial por uma solução local de substrato em sacos. No espaço de produção da família Souza em Rio Fortuna, a equipe realizou a coleta de amostras de solos para determinação densidades e fertilidade. Além disso, foi realizado um levantamento de plantas espontâneas bioindicadoras de fertilidade dos solos. Nesta parcela da propriedade está em curso o desenvolvimento de um Sistema Agroflorestal (SAF) que contará com a inserção de galinhas.

Arno, Jefferson e Reinaldo de Souza na área de SAF que receberá a introdução de galinhas no manejo.

Arno, Jefferson e Reinaldo de Souza na área de SAF que receberá a introdução de galinhas no manejo.

Na quarta unidade familiar que o Terra Permanente avalia, o foco da pesquisa está voltado para a reorganização do espaço de convivência de um assentamento coletivo. Esta avaliação partiu do mapeamento da biodiversidade existente e como esta se situa enquanto zonas energéticas da permacultura.

Arthur, Vera, Jefferson, Guisela, Aline, Marcelo e Arno na zona 1 de uma das participantes do projeto SPAço em São Pedro de Alcântara.

Arthur, Vera, Jefferson, Guisela, Aline, Marcelo e Arno na zona 1 de uma das participantes do projeto SPAço em São Pedro de Alcântara.

A etapa de pesquisa continuará em 2015 com o acompanhamento das ações das famílias que resolveram incorporar a permacultura em suas rotinas de vida. Serão mais 3 campanhas de campo até setembro, para sabermos em um total de 18 meses, como estas ações estão afetando a qualidade de vida destas famílias.

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